Escrito em 1848, Noites Brancas é considerado um dos textos mais sensíveis e poéticos de Fiódor Dostoiévski. Em contraste com os romances densos e filosóficos que marcam a carreira do autor, a obra apresenta uma narrativa profundamente emotiva, revelando um olhar compassivo sobre as fragilidades humanas.
Publicada pela Via Leitura (Grupo Editorial Edipro), a edição apresenta uma tradução direta do russo, assinada por Rafael Bonavina, doutorando em Letras Estrangeiras e Tradução pela FFLCH-USP. Desta forma, a cadência lírica e a sutileza das palavras escolhidas por Dostoiévski são preservadas e permitem ao leitor brasileiro se conectar com a musicalidade e a delicadeza da prosa.
A Noite Branca é um fenômeno comum em locais próximos às regiões polares, nos quais o Sol, mesmo se pondo, permanece pouco abaixo da linha do horizonte, resultando em noites iluminadas e oníricas. Nesse cenário, um jovem sonhador que, durante quatro noites de encontros fortuitos, vive uma intensa história de amor e esperança ao lado de Nástienka, uma jovem dividida entre a espera pelo retorno de um antigo amor e a possibilidade de um novo começo.
Essa aproximação entre dois é marcada pelo contraste entre a paixão idealizada e a realidade frustrante. É um retrato da delicadeza dos encontros humanos, mas também da dor de quem ama sozinho.
E que, por fim, tudo o que peço é que me dirija nem que sejam duas palavras fraternais, simpáticas, que não me afaste logo no primeiro passo, acredite na minha palavra, que ouça o que tenho a dizer, pode até rir de mim, se quiser, mas que me dê esperanças, me diga duas palavrinhas, só duas, ainda que depois disso nunca mais nos encontremos!... Mas a senhorita está rindo... Ainda assim, estou falando para isso mesmo... (Noites Brancas, p. 17)
Para os amantes de romance, a narrativa é um mergulho intenso na solidão, nos desejos inatingíveis e nas ilusões que muitas vezes sustentam a vida cotidiana. Ao mesmo tempo em que emociona, questiona a fronteira entre os delírios de amor e os fatos, temas que atravessam grande parte da produção literária do autor.
A nova edição de Noites Brancas reafirma a atualidade e a força de Dostoiévski, aproximando novas gerações de um texto que, mesmo escrito há quase dois séculos, continua a ressoar com intensidade nos corações dos apaixonados.
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