"A magia que nos pertence": Tecnologia, Juventude e Amizade em um Universo Mágico

15 setembro 2024


A obra "A magia que nos pertence", de Fernanda Nia, traz um frescor para a literatura young adult ao misturar temas contemporâneos como a tecnologia com a fantasia urbana. Situada em um Rio de Janeiro mágico, a história combina ameaças tecnológicas, dilemas da juventude e a complexidade das relações humanas, tudo isso em um ambiente hiperconectado. Ao longo da trama, acompanhamos um grupo de quatro amigos em uma jornada em busca de um algoritmo fugitivo que ganhou vida, enquanto enfrentam desafios pessoais e descobertas emocionais.


O Algoritmo Fugitivo: A Tecnologia Ganha Vida


Em "A magia que nos pertence", um valioso algoritmo de redes sociais ganha vida e passa a se comportar de maneira imprevisível, provocando uma verdadeira caça ao "tecbicho". A autora brinca com o conceito de um algoritmo — uma criação puramente tecnológica — ganhando características quase orgânicas, como se a linha entre o virtual e o real estivesse borrada em um universo onde magia e tecnologia coexistem.

Essa premissa desperta uma reflexão interessante sobre o impacto da tecnologia na vida moderna, principalmente nas redes sociais. Em um mundo onde estamos conectados 24 horas por dia, o que aconteceria se os algoritmos que regem nosso comportamento digital pudessem agir por conta própria? Fernanda Nia usa essa fuga do algoritmo para fazer uma crítica sutil à dependência da tecnologia e ao papel das redes sociais nas nossas interações diárias.

O tecbicho, nome dado ao algoritmo fugitivo, é uma metáfora clara para o caos que pode surgir quando não controlamos as forças tecnológicas ao nosso redor. No livro, os personagens precisam se unir para encontrar e deter o algoritmo, e é essa busca que os força a confrontar seus próprios dilemas e medos. A tecnologia, aqui, é tanto a ameaça quanto o ponto de partida para a jornada de autodescoberta dos protagonistas.


Os quatro protagonistas — Amanda, Madu, Diego e Alícia — são o coração da história. Fernanda Nia constrói personagens cativantes, com dilemas próprios da juventude, enquanto inseridos em um cenário de fantasia. Cada um deles possui suas próprias habilidades, traumas e segredos, o que torna a trama ainda mais envolvente à medida que suas interações se desenrolam.

Amanda é a protagonista que nunca se destacou pela magia, mas sua capacidade de resolver problemas com jogo de cintura e argumentos afiados a coloca em uma posição de liderança no grupo. Trabalhando no Geniapp, um aplicativo que oferece soluções mágicas para problemas do cotidiano, Amanda é uma metáfora para a juventude atual: cheia de limitações, mas sempre buscando soluções criativas. Sua conexão com o passado, especialmente com seu ex-parceiro de trabalho Diego, adiciona uma camada emocional à narrativa.

Madu, prima de Amanda, é seu completo oposto: mais introspectiva e dona de um poder único — a capacidade de espiar os segredos das pessoas ao compartilhar uma refeição com elas. Esse dom é explorado de forma cuidadosa, trazendo reflexões sobre intimidade, confiança e o que significa realmente conhecer alguém. Madu embarca na missão para proteger a prima, mas acaba se envolvendo emocionalmente com Alícia, irmã de Diego, que guarda segredos importantes sobre a caçada ao algoritmo.


Um Universo Mágico no Rio de Janeiro


O pano de fundo da trama é o Rio de Janeiro, mas não o Rio de Janeiro que conhecemos. Na história de Fernanda Nia, a cidade é repleta de magia, onde criaturas esquisitas e feitiçaria são tão comuns quanto uma caminhada pela praia de Copacabana. A autora consegue criar um mundo crível e fantástico ao mesmo tempo, misturando elementos do cotidiano carioca com toques mágicos, fazendo o leitor se sentir parte desse universo.

Apesar de toda a magia e aventura, o verdadeiro foco de "A magia que nos pertence" está nas relações entre os personagens. A autora aborda temas como amizade, luto, traumas psicológicos e o medo de perder quem se ama de maneira sensível e envolvente. O desenvolvimento das relações entre Amanda, Madu, Diego e Alícia é o ponto alto da trama, mostrando que, no final, a maior mágica está na força das conexões humanas.

Outro ponto importante a ser destacado é a representatividade. A obra apresenta personagens LGBTQIAPN+, com um cuidado especial em retratar essas relações de forma natural e respeitosa. Fernanda Nia constrói um universo onde a diversidade é celebrada, reforçando a importância de narrativas que acolham todas as vozes, especialmente em um gênero literário como o young adult.

"A magia que nos pertence" é mais do que uma simples história de fantasia urbana. É uma reflexão sobre os desafios da juventude em um mundo hiperconectado, onde a tecnologia pode tanto unir quanto isolar. Fernanda Nia consegue unir tecnologia e magia de forma única, criando uma narrativa que ressoa com o público jovem. No fundo, a mensagem é clara: a magia mais poderosa não vem de feitiços ou algoritmos, mas da capacidade de nos conectarmos uns com os outros e com nós mesmos.


4 comentários

  1. Parece un genial libro y una buena saga. Te mando un beso.

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  2. This book sounds amazing! I love how it mixes magic with modern tech. The characters and setting seem so real and full of life.

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  3. O livro tem uma história bem gostosa de ler, as redes sociais de uma forma fazem parte da nossa vida, Monique bjs.
    http://www.lucimarmoreira.com/

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